segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A Energia Nuclear é Uma Saída?


Patrick Moore, cientista e um dos criadores do Greenpeace, defende em um artigo polêmico a utilização da energia nuclear como ferramenta ecologicamente correta. Qual a sua opinião?
No início dos anos 1970 quando ajudei a fundar o Greenpeace, eu acreditava que a energia nuclear fosse sinônimo de holocausto nuclear, como a maioria de meus compatriotas. Foi essa convicção que inspirou a primeira viagem do Greenpeace até a espetacular costa rochosa para protestar contra o teste de bombas de hidrogênio americanas nas Ilhas Aleutas, no Alasca. Trinta anos depois, minhas opiniões mudaram, e o resto do movimento ambientalista precisa atualizar suas opiniões também. A energia nuclear simplesmente pode ser a fonte de energia capaz de salvar nosso planeta de outro desastre: uma mudança climática catastrófica.
>Vejamos: mais de 600 usinas elétricas movidas a carvão nos Estados Unidos produzem 36% das emissões americanas - ou quase 10% - das emissões globais de CO2, o principal gás responsável pelo efeito estufa e a mudança climática. É nuclear a única fonte de energia de larga escala e economicamente capaz de reduzir essas emissões. E esse processo pode ser feito em condições de segurança. Digo isso com reservas, é claro, poucos dias depois que o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad anunciou que seu país havia conseguido enriquecer urânio. "A tecnologia nuclear é apenas para fins pacíficos e nada mais", disse ele. Existe a especulação generalizada de que, mesmo que o processo seja ostensivamente dedicado à produção de eletricidade, ele é, na verdade, uma fachada para a construção de armas nucleares.
Embora que não subestimemos os perigos reais da tecnologia nuclear nas mãos de Estados irresponsáveis, não podemos banir toda tecnologia que seja potencialmente perigosa. Essa era a "mentalidade do tudo ou nada" do auge da guerra fria, quando tudo que fosse nuclear parecia anunciar o fim da humanidade. Em 1979, Jane Fonda e Jack Lemmon produziram um arrepio mundial de medo interpretando seus papéis em A Síndrome da China, uma evocação ficcional do desastre nuclear, em que o derretimento de um reator ameaça a sobrevivência de uma cidade. Menos de duas semanas depois do lançamento do filme, o derretimento de um núcleo do reator na usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia, causou calafrios reais em todo o país.
Não sou o único, entre os ativistas ambientais experimentados, a mudar de idéia sobre este assunto. O cientista britânico James Lovelock acredita que a energia nuclear é a única maneira de evitar uma catástrofe climática. Stewart Brand, que criou o Whole Earth Catalogue, diz que o movimento ambientalista precisa abraçar a energia nuclear para nos livrar dos combustíveis fósseis. Em outras épocas, opiniões como essas foram recebidas com a excomunhão pelo clero antinuclear: o bispo britânico Hugh Montefiore, fundador e diretor da organização Friends of the Earth, foi obrigado a renunciar da diretoria do grupo depois que escreveu um artigo a favor da energia nuclear num boletim de igreja.
É bem verdade que as energias eólica e solar têm o seu lugar, mas, como são intermitentes e imprevisíveis, elas simplesmente não podem substituir grandes usinas, como as movidas a carvão, nucleares e hidrelétricas. O gás natural, um combustível fóssil, já é muito caro, e seu preço, volátil demais para se arriscar a construir grandes usinas com base nele. Como os recursos hidrelétricos já estão sendo explorados quase no limite, a energia nuclear é, por eliminação, a única substituta viável para o carvão. Simples assim.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Protocolo de Kyoto


O documento, resultado da 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada no Japão, em 1997, estabelece a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases do efeito estufa, nos países industrializados.
O Protocolo de Kyoto foi o resultado da 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada no Japão, em 1997. A conferência reuniu representantes de 166 países para discutir providências para se controlar o aquecimento global.
O documento estabelece a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases do efeito estufa, nos países industrializados. Os signatários se comprometeriam a reduzir a emissão de poluentes em 5,2% em relação aos níveis de 1990. A redução seria feita em cotas diferenciadas de até 8%, entre 2008 e 2012.
Para entrar em vigor, porém, o documento precisa ser ratificado por pelo menos 55 países. Entre esses, devem constar aqueles que, juntos, produziam 55% do gás carbônico lançado na atmosfera em 1990.
Embora a União Européia já tenha anunciado seu apoio ao protocolo, os Estados Unidos - país que mais libera gases do efeito estufa na atmosfera - se negaram a assiná-lo. O quadro torna praticamente imprescindível a ratificação da Rússia.
Ao rejeitar Kyoto, em 2001, o presidente dos EUA, George W. Bush, alegou ausência de provas de que o aquecimento global esteja relacionado à poluição industrial. Ele também argumentou que os cortes impostos pelo pacto de Kyoto prejudicariam a economia.